Fotografia é minha vida!

"Fotografar é uma maneira de ver o passado. Fotografar é uma forma de expressão, o "congelamento" de uma situação e seu espaço físico inserido na subjetividade de um realismo virtual. Fotografar é um modo de comunicar e informar. Seguindo o raciocínio, a linguagem visual fotográfica além de ser mais forte não é determinada por uma língua padrão, não precisando assim de uma tradução, uma vez que o diferem são as interpretações." (desconheço o autor)"

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Profissão: Repórter fotográfico


O que é preciso saber, ter e conhecer para ser um fotojornalista

O fotojornalismo atrai muitos iniciantes que se enveredam pelos caminhos da fotografia. O glamour da profissão, a adrenalina, a possibilidade de todo dia ter algo diferente para fotografar, faz a cabeça de promissores fotógrafos. Mas, desde os primeiros cliques ou uma introdução nas aulas de Jornalismo, o caminho não é fácil nem curto para quem quer ser um repórter fotográfico. Compromisso com a sociedade, responsabilidade em registrar os fatos, e principalmente ética, delineiam o percurso. Ainda há questões de conhecimento técnico e equipamentos - que não são baratos. Mesmo num mercado restrito e com muitos obstáculos, ainda há quem acredite e sonhe cobrir grandes eventos internacionais ou a simples pauta do buraco de rua.

Se você optou seguir essa área da fotografia e de câmera em punho pretende bater às portas de um jornal, o Coordenador da Agencia de Noticias e Editor de fotografia do jornal Gazeta do Povo, de Curitiba, Silvio Ribeiro, dá umas dicas e esclarecimentos quanto à profissão.

TF – De forma geral, quais qualidades são importantes para ser fotojornalista?Hoje em dia está muito difícil encontrar repórteres fotográficos. A gente encontra muitos curiosos, os bons, são raros. Agora humildade, força de vontade e disponibilidade para exercer a profissão é essencial. A pessoa tem que estar pronta para viajar a qualquer momento, não se tem hora e nem rotina, é bem diferente de trabalhar em uma empresa com horários pré-estabelecidos.
TF – O que faz mais diferença: o olhar, o faro jornalístico ou o equipamento?O instinto. O bom repórter fotográfico é aquele que sai da redação com uma pauta e volta com duas. Ele sugere, participa, está sempre bem informado. O equipamento ajuda, mas não é ele quem faz a foto, é só um instrumento. A pós-produção (identificação do material produzido e a pré-edição) é, às vezes, mais importante que a imagem feita.
TF – A era digital estabilizou, o filme se foi, dessa forma que tipo de foto deve apresentar quem vai levar um portfólio para você analisar?Eu em especial gosto de ler um portfólio com no máximo oito imagens, o grande problema é a falta de qualidade e critério. Se a pessoa procura trabalho na impressa como fotojornalista não adianta aparecer com imagens do batizado do sobrinho, do fim de semana na praia, por do sol etc... Se procura colocação em áreas especificas (moda, culinária, esportes etc...), tem que montar um portfólio com essas características.

TF – Você já coordenou equipe de fotógrafos em São Paulo e agora Curitiba. O que você acha da fotografia paranaense?Sim, coordenei equipes em São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília. Os repórteres fotográficos daqui não deixam nada a desejar, pelo contrário, alguns são referências fora daqui. Não é o lugar, a cidade, é o profissional, a qualidade do trabalho.

TF – Como você monta uma equipe. Prefere os mais experientes ou arrisca nos novatos?Sempre gostei de trabalhar com gente que está começando, mas, numa equipe você tem que ter todos os perfis. O bom é identificar o estilo de cada um. No fotojornalismo tem que saber fazer de tudo, até porque não é todo dia que tem pauta boa e é aí que aparece o talento, a criatividade de cada um.
TF – O fotojornalismo está desgastado, o olhar tornou-se repetitivo. Falta algo novo?Sim, falta formação. O grande problema é que hoje qualquer pessoa compra uma “Cyber Shot” e acha que é fotografo. Se tiver uma lente e um flash a mais, já acha que é fotojornalista. É preciso se qualificar ou se reciclar, para elevar a qualidade. É uma pena que nem todos façam assim, pois tem muita gente talentosa.

TF – Agências como a francesa Vü e grupos de freelancer como o Cia. da foto, em São Paulo, estão buscando um olhar e uma forma de cobertura diferenciada, algo como uma mescla de cotidiano, documental e autoral. Esse tipo de iniciativa e material é bem visto pelo editores ou eles ainda preferem ver o tradicional/informacional?Eu sempre digo aos repórteres fotográficos e fotógrafos: nunca deixe de fazer seu trabalho autoral. Essa mescla é que faz a diferença. O editor quer ver a imagem criativa, com informação e qualidade. Tirar de uma pauta fraca, uma boa imagem, faz a diferença.

TF – Você montou o f/5.6 (Núcleo), em Curitiba, com qual finalidade: Buscar talentos ou fomentar a discussão acerca do fotojornalismo? Nada disso ou tudo isso junto?Na realidade, o 5.6 veio cobrir uma lacuna que existe no mercado: especialização em fotojornalismo. Este ano a partir de 28 de agosto vamos começar um curso de Extensão em Fotojornalismo, em parceria com a Universidade Positivo. A idéia é criarmos, num futuro próximo, um curso de Pós Graduação em Fotojornalismo. Temos também projetos sociais como o Ver e Pensar Fotografia em parceria com o Instituto RPC, que atende crianças do ensino fundamental da rede publica municipal e estadual em Curitiba e região metropolitana. Temos um grupo de estudos o Espaço Fotografo. Trouxemos a Marina Passos que é editora de fotografia da Agencia France Press. Na época, ela estava baseada no Iraque desde a intervenção americana, depois ela foi para o Cipre e agora esta em Israel. Sempre estamos convidando e levando fotógrafos da antiga e os novos para mostrarem seus trabalhos e contar um pouco sobre sua trajetória.

TF – Ser contratado como repórter-fotográfico é quase como ganhar numa loteria. Sendo assim, quais as dicas para quem pretende buscar no fotojornalismo uma profissão.Caráter, profissionalismo, dedicação, maturidade profissional, estar sempre em busca daquela imagem... Esse é o segredo e claro, qualificação. Nunca procure um editor com um portfólio com muitas imagens e nem com “albinhos” 9x12, edite, seja profissional e criterioso com seu material.



Silvio Ribeiro

É um dos principais destaques da geração de repórter fotográfico dos anos 80 na grande imprensa do eixo Rio - São Paulo. Nascido em São Paulo, em 1960, ingressou com 17 anos no jornalismo diário. Trabalhou para Veja, Vejinha São Paulo, Estúdio Abril; Agência Estado, Jornal da Tarde e O Estado de S. Paulo. No Grupo Estado, foi freelancer, repórter fotográfico, chefe do estúdio, editor-assistente, editor do jornal O Estado de S. Paulo até o cargo de editor-chefe de fotografia de todo complexo editorial. Detém vários prêmios e referências ao seu trabalho. Ingressou na Gazeta do Povo no segundo semestre de 2001, o que tem representado um novo e produtivo período profissional.

Junto ao Instituto RPC ministrou cursos de extensão na UFPR e PUCPR. Em 2005 e 2006 foi professor do módulo de fotojornalismo pelo Centro Europeu, participou da semana de comunicação da UFPR, PUCPR, UNIBRASIL e Universidade Tuiuti Paraná.

Em 2006, iniciou seus trabalhos para fundar o 5.6 – Núcleo de Fotojornalismo e Estudos Avançados da Imagem, um antigo projeto que se torna realidade.
http://tudodefotografia.blogspot.com

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