Izabel Cristina Milano, 38 anos, mora nas ruas, escreve poesia desde os oito anos e faz disso sua maneira de ganhar algum dinheiro. Suas emoções, suas experiências de vida, e vivências na rua, são as inspirações.
Izabel escreve suas poesias numa antiga máquina de escrever Olivetti Lettera, que ganhou de presente de um transeunte e amigo. Izabel diz que sua última máquina de escrever foi “confiscada” pelo Fundação de Assistência Social (FAS), por isso ficou um bom tempo escrevendo em seu caderninho. A poetisa reúne em livretos, encadernados manualmente, cerca de cinco poemas e procura oferecer a quem se interessa.
Izabel afirma ser uma artista, uma poetisa, no máximo uma moradora de rua e não uma mendiga ou indigente. E faz questão de explicar a diferença. “Não tenho casa, não sou mendiga, não fico pedindo dinheiro por aí. Apenas moro na rua. É bem diferente”, explica. Ela faz a reclamação, principalmente de quem comenta ou escreve sobre ela, já que sempre a tacham como tal.
Segundo Izabel, muitas pessoas a procuram querendo saber de seu trabalho. Ela comenta que um grupo de jovens cineastas a procurou com interesse em fazer um trabalho documental sobre sua vida e sua história.
Eu que conversei poucos minutos com ela e conheci só um trechinho de sua história e de seu trabalho, mas posso afirmar que vale a pena e é interessante.
Minha Existência
Izabel Cristina Milano
Quanto eu não mais existir,
Procura-me no céu,
Serei as estrelas a brilhar em seus olhos.
Quando eu não mais existir,
Procura-me na noite,
Serei o orvalho que tocas o seu rosto.
Quando eu não mais existir,
Procura-me na chuva,
Serei a água que molha o teu corpo.
E finalmente quando eu não mais existir,
Procura-me no mar,
Serei as ondas que sempre virão te dizer:
EU TE AMO.
Minha Existência
Izabel Cristina Milano
Quanto eu não mais existir,
Procura-me no céu,
Serei as estrelas a brilhar em seus olhos.
Quando eu não mais existir,
Procura-me na noite,
Serei o orvalho que tocas o seu rosto.
Quando eu não mais existir,
Procura-me na chuva,
Serei a água que molha o teu corpo.
E finalmente quando eu não mais existir,
Procura-me no mar,
Serei as ondas que sempre virão te dizer:
EU TE AMO.
SegredoIzabel Cristrina Milano
A Poesia é um espanto,
Como quem liberta um pássaro branco,
É a trilha do tempo,
O silêncio da era,
O dia sonolento,
O olhar, a espera.
Poesia no escuro,
Que vira mulher,
De noite pula o muro,
De dia mal-me-quer.
Poesia contida,
Vento a beira-mar,
Poesia escondida,
Do segredo de como te amar.
Mendigo
Izabel Cristina Milano
Mendigo que vive na rua,
No mundo da lua,
Que sofre um bocado,
Por um pedaço de pão.
Mendigo coitado,
É muito maltratado,
É ofendido e humilhado,
Que vida sofrida,
Nas noites frias,
Morando na calçada,
Andando descalço,
Sem ter um cobertor,
Por um único momento,
Encontrar o amor.
Mendigo pedindo esmola,
Sem ter o que comer,
Mendigo não vai à escola,Por não ter onde viver.
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