Recordo-me de um tempo, em que possuir uma boa câmera fotográfica, daquelas cheias de botões e ajustes, era sinal de status. Agora, prestígio maior então era trabalhar pilotando essas geringonças. O fotógrafo tinha lugar garantido nos casamentos, festas, celebrações, jornais e, em qualquer situação que dependesse de se tornar parte da história e da memória.
O fotógrafo, no seu ofício, era o detentor do segredo para operar e fazer capturar os momentos mágicos de qualquer situação. Guardava-se a muitas chaves esses truques e artimanhas imagéticas. Um pretenso candidato a tal profissão precisaria provar seu valor e aos poucos ir desvendando os ardis que a câmera escura escondia.
Todo fotógrafo era visto como um grande mestre. Senhor dos botões e dos cálculos que fazia emanar luz dos flashs e assim iluminar o não-iluminado. Não perdia o momento decisivo do beijo, a troca de alianças, o tiro, o golpe do boxeador, o gol. Momentos sublimes, que só um fotógrafo qualificado e detentor do mais puro conhecimento fotográfico poderia executar.
Quão grande foi o valor da fotografia no século 20. Grandes coberturas faziam jus aos grandes e corajosos soldados, que de câmera em punho, miravam em todos os cantos, nas mais profundas trincheiras, para registrar as mais duras injustiças e atentados contra o ser humano. Época áurea para os fotógrafos.
Esse tempo imemorial perdurou até há pouco. Na era da informação à velocidade dos bits e não mais dos folhetins. Tudo é tão rápido quanto um disparo nas câmeras de alta resolução. O tempo do negativo passou e da velha maquina de escrever também. Os CCDs, os megapixels, a automatização os computadores são os donos da vez. Não há mais álbuns. Só os digitais para serem vistos na tela de LCD. Os jornais não mais comportam reportagens, os fotojornalistas perderam seu posto?
As câmeras continuam aí com seus vários botões e funções. O que mudou foi que agora inúmeras pessoas sabem como manuseá-las. Sabem operar o que era antes inacessível, mitológico e do saber de poucos. Nas ruas há uma legião de câmeras de pretensos fotógrafos. A caixa de pandora fotográfica foi aberta e o segredo foi revelado. Câmeras de todos os tipos estão à venda. As mais compactas prometem os recursos das mais complexas, num paradoxo funcional. O quarto escuro foi aberto e descobriu-se que fazer fotografia não era tão complicado assim. Todos são fotógrafos, sentenciou uma determinada fabricante ao anunciar que “você aperta o botão, nós fazemos o resto”. Não precisa saber muito, apenas mire e aperte o botão que a tecnologia faz o resto.
Hoje ser fotógrafo não é tarefa restrita para poucos, aliás, nem sem jornalista. Você é o repórter, proclamaram alguns veículos. Nessa democratização, todos têm o direito de saber fotografar e de poder fotografar. Espaço para publicar não falta. Tem jornal que consegue o furo justamente devido a estes colaboradores, afinal, eles estão em todos os lugares com seus celulares fotográficos, com suas câmeras de bolso, com suas lentes, com o saber fotográfico antes pertencente somente aos fotógrafos. Em qualquer acidente ou incidente, lá estará um exército de fotógrafos, sacando seus aparelhinhos registradores do momento decisivo.
Os fotógrafos diante da transição, na usurpação do conhecimento da pedra filosofal, remoeram-se em recalques. Confusos entregaram-se em lamentações. Volte e meia há quem encoste a cabeça no muro e remoa os tempos imemoriais do velho cromo. Outros, no entanto, preferiram aproveitar a evolução dos tempos e transformar em uma revolução. Compartilham o tal conhecimento fotográfico, que hoje está no Google acessível a qualquer um, para construir uma nova fotografia ainda mais abrangente e contemporânea.
Tempo atrás, fui a um casamento. Minha priminha, nos seus sete anos, pediu minha câmera de bolso emprestada e saiu em busca de alguns flagras da cerimônia. Logo em seguida voltou com alguns registros. Apertou o botão de visualizar e mostrou-me suas fotos. Olhei a composição, o enquadramento entre outros pontos. Hoje, as fotos que ela tirou fazem parte do álbum de casamento dos noivos, ao lado das fotos feitas pelos fotógrafos profissionais contratados. É, realmente não era tão complicado assim!
O fotógrafo, no seu ofício, era o detentor do segredo para operar e fazer capturar os momentos mágicos de qualquer situação. Guardava-se a muitas chaves esses truques e artimanhas imagéticas. Um pretenso candidato a tal profissão precisaria provar seu valor e aos poucos ir desvendando os ardis que a câmera escura escondia.
Todo fotógrafo era visto como um grande mestre. Senhor dos botões e dos cálculos que fazia emanar luz dos flashs e assim iluminar o não-iluminado. Não perdia o momento decisivo do beijo, a troca de alianças, o tiro, o golpe do boxeador, o gol. Momentos sublimes, que só um fotógrafo qualificado e detentor do mais puro conhecimento fotográfico poderia executar.
Quão grande foi o valor da fotografia no século 20. Grandes coberturas faziam jus aos grandes e corajosos soldados, que de câmera em punho, miravam em todos os cantos, nas mais profundas trincheiras, para registrar as mais duras injustiças e atentados contra o ser humano. Época áurea para os fotógrafos.
Esse tempo imemorial perdurou até há pouco. Na era da informação à velocidade dos bits e não mais dos folhetins. Tudo é tão rápido quanto um disparo nas câmeras de alta resolução. O tempo do negativo passou e da velha maquina de escrever também. Os CCDs, os megapixels, a automatização os computadores são os donos da vez. Não há mais álbuns. Só os digitais para serem vistos na tela de LCD. Os jornais não mais comportam reportagens, os fotojornalistas perderam seu posto?
As câmeras continuam aí com seus vários botões e funções. O que mudou foi que agora inúmeras pessoas sabem como manuseá-las. Sabem operar o que era antes inacessível, mitológico e do saber de poucos. Nas ruas há uma legião de câmeras de pretensos fotógrafos. A caixa de pandora fotográfica foi aberta e o segredo foi revelado. Câmeras de todos os tipos estão à venda. As mais compactas prometem os recursos das mais complexas, num paradoxo funcional. O quarto escuro foi aberto e descobriu-se que fazer fotografia não era tão complicado assim. Todos são fotógrafos, sentenciou uma determinada fabricante ao anunciar que “você aperta o botão, nós fazemos o resto”. Não precisa saber muito, apenas mire e aperte o botão que a tecnologia faz o resto.
Hoje ser fotógrafo não é tarefa restrita para poucos, aliás, nem sem jornalista. Você é o repórter, proclamaram alguns veículos. Nessa democratização, todos têm o direito de saber fotografar e de poder fotografar. Espaço para publicar não falta. Tem jornal que consegue o furo justamente devido a estes colaboradores, afinal, eles estão em todos os lugares com seus celulares fotográficos, com suas câmeras de bolso, com suas lentes, com o saber fotográfico antes pertencente somente aos fotógrafos. Em qualquer acidente ou incidente, lá estará um exército de fotógrafos, sacando seus aparelhinhos registradores do momento decisivo.
Os fotógrafos diante da transição, na usurpação do conhecimento da pedra filosofal, remoeram-se em recalques. Confusos entregaram-se em lamentações. Volte e meia há quem encoste a cabeça no muro e remoa os tempos imemoriais do velho cromo. Outros, no entanto, preferiram aproveitar a evolução dos tempos e transformar em uma revolução. Compartilham o tal conhecimento fotográfico, que hoje está no Google acessível a qualquer um, para construir uma nova fotografia ainda mais abrangente e contemporânea.
Tempo atrás, fui a um casamento. Minha priminha, nos seus sete anos, pediu minha câmera de bolso emprestada e saiu em busca de alguns flagras da cerimônia. Logo em seguida voltou com alguns registros. Apertou o botão de visualizar e mostrou-me suas fotos. Olhei a composição, o enquadramento entre outros pontos. Hoje, as fotos que ela tirou fazem parte do álbum de casamento dos noivos, ao lado das fotos feitas pelos fotógrafos profissionais contratados. É, realmente não era tão complicado assim!
http://tudodefotografia.blogspot.com
Nenhum comentário:
Postar um comentário