Uma noite, voou sobre a cidade uma pequena Andorinha. Suas companheiras tinham partido para o Egito seis semanas antes, ela, porém, ficara para trás, pois se achava de amores com um Caniço. Vira-o logo no começo da primavera, quando voava sobre o rio, em perseguição a uma grande borboleta amarela, e sentira-se tão atraída pelo esbelto talhe dele que parara para dirigir-lhe a palavra.
– Deverei amá-lo? – disse a Andorinha, que gostava de entrar diretamente em assunto, e o Caniço fez-lhe uma profunda vênia. Pôs-se então a Andorinha a voar em redor dele, roçando a água com suas asas e fazendo tremulinas prateadas. Era sua maneira de fazer a corte e durou todo o verão.
– É uma paixão absurda – chirriavam as outras Andorinhas –. Ele não tem dinheiro e parentes não lhe faltam. (pág. 231)
[...]
– Queres vir comigo? – perguntou-lhe afinal, mas o Caniço abanou a cabeça. Era tão apegado a seu lar...
– Estivesse a zombar de mim – exclamou ela –. Parto para as Pirâmides. Adeus. (pág. 232)
[...]
– Uma vez que não tem mais beleza, não tem mais utilidade – Disse um Professor de Arte da Universidade. (pág. 238)
WILDE. Oscar. Obra Completa.- Rio de Janeiro: Editora Nova Aguiar, 1993.
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