Fotografia é minha vida!

"Fotografar é uma maneira de ver o passado. Fotografar é uma forma de expressão, o "congelamento" de uma situação e seu espaço físico inserido na subjetividade de um realismo virtual. Fotografar é um modo de comunicar e informar. Seguindo o raciocínio, a linguagem visual fotográfica além de ser mais forte não é determinada por uma língua padrão, não precisando assim de uma tradução, uma vez que o diferem são as interpretações." (desconheço o autor)"

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Fotografia Erótica


As artes visuais o erotismo sempre esteve presente como tema e, na fotografia, desde a sua descoberta no século XIX, ocorreu o mesmo. Alguns autores fotográficos como Henry Voland, Robert Demachy, Edward J. Steichen e outros trouxeram o tema para o registro fotográfico.

Barthes define a fotografia erótica como aquela em que o campo cego fica fora do enquadramento, impelindo nossa imaginação para além da imagem fixa. O punctum é, portanto, uma espécie de extracampo sutil, como se a imagem lançasse o desejo para além daquilo que ela dá a ver: não somente para “o resto” da nudez, não somente para o fantasma de uma prática, mas para a excelência absoluta de um ser, alma e corpo intricados. A pornografia representa, costumeiramente, o sexo, faz dele um objeto imóvel (um fetiche), incensado como um deus que não sai de seu nicho; para mim, não há punctum algum na imagem pornográfica; quando muito ela me diverte (e ainda: o tédio surge rapidamente).

No séculos XX e XXI, a imagem erótica está presente nos trabalhos de vários fotógrafos contemporâneos, entre eles, Robert Mapplethorpe. O americano morreu na década de noventa, vítima de AIDS, e se tornou um ícone por suas imagens eróticas de nus masculinos. Na fotografia Ajitto – 1981, feita por ele, a posição fetal do negro sentado naquele minúsculo banquinho dá a sensação de desprotegido, mas a textura da sua pele, sua estética, as formas apresentadas na imagem, como o triângulo formado pelas pernas, vão além do extracampo. Quando fecha o enquadramento em um copo-de-leite (Calla Lily, 1998) e faz a luz incidir na parte central da haste, esta flor demonstra um poder fálico que, para mim, lembra uma imagem erótica.

Vários são os autores fotográficos que apresentam este punctum em seu trabalho, um deles, que admiro muito, é o Man Ray. Quando fotografou Juliet (sua namorada) e Margareth (Juliet and Margareth – 1948), as duas modelos posaram nuas usando apenas máscaras para cobrir seus rostos; elas escondem suas identidades e dão um ar de mistério à imagem.

Podemos citar também o fotógrafo francês Henri Cartier-Bresson, mestre do ‘Instante Decisivo’, mais conhecido como fotógrafo de rua, pela acuidade que apresenta em seus ensaios fotográficos. Em trabalhos pouco divulgados, Bresson registrou também o erótico na imagem feminina. Aqui podemos ver duas modelos posando nuas para uma cena de desenho: os dois corpos jogados na cama insinuam além do que o nosso olhar vê, revelando ao receptor um campo cego da imagem.

André Kertész, em seu ensaio ‘Distorção’, de 1933, provoca um estranhamento ao olharmos o nu feminino amórfico, ao mesmo tempo que nos revela uma delicadeza do corpo e da alma feminina.

Araki, um dos mais célebres fotógrafos japoneses, apresenta nesta imagem uma gueixa com seu traje tradicional, o quimono. O rosto angelical da modelo no ato de comer um pedaço de melancia se contrapõe com o vermelho erótico da fruta, revelando sutileza e malícia em seu gesto.

Poderíamos ficar horas mostrando imagens eróticas destes representantes da fotografia, porém hoje vou parar por aqui.

Célia Mello

Ajitto, 1981 - Mapplethorpe
Araki
Calla Lily, 1988 - Mapplethorpe
Pause de deux modèles pendant une séance de dessin, Paris, 1989 - Henri Cartier-Bres
Distortion, 1933 - André Kertész
Juliet and Margareth, 1948 - Man Ray


http://www.fotografiacontemporanea.com.br/artigo.php?id=23

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